
As oportunidades para inserção da empresa Ceitec neste mercado foi tratada na ocasião
05.12.2024
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), Rogério Nunes, participou por meio de videoconferência de audiência pública realizada no dia 04 de dezembro pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federa para debater o tema “Ceitec: perspectivas para a indústria mundial de semicondutores, iniciativas internacionais e indústria brasileira". O evento foi coordenado pelo senador Fernando Dueire.
A audiência reuniu representantes do Governo Federal e de associações industriais com atuação na área de tecnologia da informação do país que destacaram a transversalidade do setor de semicondutores nos mais diferentes segmentos econômicos, as políticas direcionadas para a indústria brasileira, as expectativas de crescimento previstas para os próximos anos e as oportunidades de inserção da Ceitec neste mercado.
A cadeia produtiva de semicondutores engloba todo o processo de fabricação dos chips, desde o design e concepção dos circuitos integrados, seguido pela fabricação do wafer de silício em empresas especializadas (frontend) até chegar ao corte do wafer em chips individuais, que são encapsulados, testados e montados em dispositivos finais (backend), a exemplo de memórias para celulares, smartvs, laptops dentre tantos outros dispositivos destinadas à indústria de tecnologia da informação.
Segundo Nunes, o Ceitec atua no segmento de frontend e é importante que o Brasil consolide sua atuação em todas as etapas da cadeia de semicondutores. A indústria brasileira de semicondutores atua principalmente com o encapsulamento e teste de chips e também com o desenvolvimento de projetos de circuitos integrados. O seu faturamento é da ordem de R$ 5 bilhões anuais e atende a cerca de 8% da demanda de semicondutores do país cujo mercado mundial gira em torno de US$ 12 bilhões.
Para o gerente do Departamento de Tecnologia e Política Industrial da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Israel Guratti, a demanda crescente por semicondutores de potência voltadas para a descarbonização e digitalização da sociedade representam oportunidade significativa para a retomada da produção por parte da Ceitec e para a indústria braseira como um todo.
O presidente da Abisemi e o secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Henrique Miguel, também salientaram a realização de parcerias, acordos e missões internacionais que estão sendo realizadas pelo Brasil junto a países da Ásia, Europa e Estados Unidos e que podem impulsionar todos os segmentos da indústria de semicondutores brasileira. Conforme Miguel, há uma demanda cada vez mais crescente por semicondutores e estima-se que esse mercado poderá chegar a US$ 1 trilhão em 2030.
Nesse sentido, o diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia, Inovação e Propriedade Intelectual do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Eugênio Vargas Garcia, afirmou que se trata de um segmento muito relevante e estratégico e que o Brasil precisa fazer parte do mercado mundial. Ele alertou quanto aos riscos da atual concentração deste mercado, considerando que 75% da produção mundial de semicondutores está concentrada na Ásia.
O coordenador-Geral do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta-Média Complexidade Tecnológica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Leonardo Boselli da Motta, destacou que o setor de semicondutores brasileiro integra a nova política industrial do Brasil, a NIB, e que seus produtos são transversais às seis missões do Programa, da agricultura à segurança nacional, passando pelo complexo da saúde e cidades inteligentes.
Os participantes da audiência pública mencionaram ainda a importância do Programa Brasil Semicondutores lançado em setembro deste ano pelo Governo Federal que viabilizará a realização de novos investimentos no País, a adoção de novas tecnologias e o incremento da pesquisa e inovação nesta área. Com a nova regulamentação, o setor estima promover investimentos da ordem de R$ 24,8 bilhões no País até 2035 no desenvolvimento de novos produtos, aumento de capacidade e expansão de portfólio.
A íntegra do evento e as apresentações feitas pelos palestrantes estão disponíveis neste link.